quinta-feira, 30 de abril de 2009

Eurostat estima desemprego em 8.5

Saiu hoje o press release do Eurostat com as estimativas para o mês de Março de 2009.

Segundo o Eurostat, a taxa de desemprego para Portugal foi 8.5%. Neste blog a taxa foi estimada em 8.8% (mais 0.3 pontos percentuais).

A metodologia usada nas estimativas aqui apresentadas é a mesma que a usada pelo Eurostat mas os indicadores são diferentes: enquanto que o Eurostat usa o número de desempregados registados como referência na estimativa das taxas mensais, aqui usa-se o número de pessoas que durante um mês se dirigiram aos centros de emprego. Esta opção deve-se ao facto desta última variável ser mais correlacionada com os valores do desemprego publicados pelo INE do que a variável usada pelo Eurostat.

As estimativas do INE para o primeiro trimestre de 2009 estão previstas para dia 15 de Maio. Aí será apresentada a taxa oficial que deverá andar mais próxima de 8.8% (feita neste blog) do que de 8.5% (apresentada hoje pelo Eurostat).

4 comentários:

  1. Sou uma pessoa muito interessada no assunto que aborda neste blog.
    Durante algum tempo, os meus estudos basearam-se só nos dados do INE, agora encontro-me a fazer estudos com os dados do INE e do IEFP.
    Gostaria de saber que métodos é que utiliza para fazer previsões para a taxa de desemprego, utilizando os dados do IEFP. Para os estudos da sazonalidade utiliza o software Demetra?

    Luísa Lourenço

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  2. Cara Luísa,

    Neste momento parei um pouco com o blog pois estou a testar uma série de alternativas para melhorar as minhas estimativas. Segundo a metodologia que uso, a taxa de desemprego corrigida da sazonalidade em Portugal, para Abril de 2009, foi de 9.0%. Hoje o Eurostat publicará a sua que não deverá ser muito diferente da minha. Sei que não deverá andar longe pois a nível nacional o método que uso funciona bem. A nível regional, nem por isso: há ainda regiões difíceis de modelar. Por exemplo, fiquei surpreendido (pela negativa) com o desvio que obtive entre o que estimei para o Algarve e os dados do INE. Daí a estar a testar diferentes abordagens.

    Mas vamos às suas perguntas. Primeiro a resposta mais fácil de dar. Sim, o software que utilizo para corrigir as séries mensais da sazonalidade é o Demetra.

    Agora a metodologia.

    Trata-se de uma técnica de benchmarking onde uma série de maior frequência (IEFP - mensal) é ajustada para os valores de uma série de menor frequência (INE - trimestral). O método de utilizo é o método de Denton (existe um módulo para Stata que é opensource, bastando fazer o download).

    Grosso modo, o que o método de Denton faz é estimar uma série mensal extremamente correlacionada com a série mensal do IEFP mas cuja soma de cada três meses iguale o número de desempregados publicados pelo INE. Ajusta-se assim o "nível" de desemprego do IEFP aos valores do INE, mantendo tanto quanto possível a tendência do IEFP.

    Depois, são calculados os rácios entre esta série mensal e a série do IEFP. Fica-se assim com a "relação" entre os dados do IEFP e a série estimada pelo método de Denton ao longo do tempo. Estes rácios são posteriormente modelados por um modelo ARIMA, estimando-se assim, no final de um trimestre, os próximos três que, multiplicados pelos dados do IEFP que irão ser publicados, estimarão os níveis de desemprego para esses meses. Assim que sair os próximos dados do INE, esses três valores que foram estimados serão corrigidos para que a sua soma iguale o valor publicado pelo INE. A série mensal é finalmente corrigida da sazonalidade.

    Este é o método geral. No entanto estou agora a estudar a possibilidade de corrigir a sazonalidade previamente e em separado aos dados do INE e do IEFP e só posteriormente, usar o método de Denton. Ainda não terminei essa análise mas quando o fizer, penso voltar ao blog.

    Espero ter respondido à sua questão e estou disponível para clarificar qualquer pormenor que tenha ficado por esclarecer.

    Pedro

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  3. Muito Obrigada pela resposta. No meu estudo também estou a utlizar o método de Denton.
    Quando tiver resultados efectivos, sou capaz de comparar com os seus.

    Obrigada,
    Luísa

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